CIÊNCIA E TECNOLOGIA
TECNOLOGIA, MÍDIA E COMPORTAMENTO
A Informação enquanto objeto de estudo científico considera as estratégias de Comunicação de Massa como a ferramenta mais adequada e capaz de influenciar o comportamento humano. Indiscutível o poder da Imprensa, da Publicidade, do Marketing e o fenômeno moderno das redes sociais.
Seria tudo muito proveitoso à edificação das sociedades e dos caráteres individuais desde que não houvesse o uso proposital das mídias para confundir a opinião pública, gerar sentimentos negativos e confusão a partir do excesso de informações e da desinformação.
O excesso de informações na internet como estratégia de comunicação de massa em favor da desinformação tem sido responsável por transformações significativas no comportamento das pessoas.
A sobrecarga de informações pode afetar seriamente nossa capacidade cognitiva, causando a "fadiga informativa" ou "carga cognitiva excessiva". Quando nos deparamos com uma grande quantidade de informações, nosso cérebro tenta processá-las, mas muitas vezes não consegue fazê-lo com eficiência, resultando em problemas de concentração, memória e tomada de decisão e, consequentemente, a um comportamento impreciso e errático.
Por exemplo, quando uma pessoa começa a selecionar seletivamente as informações que deseja acessar, pode ocorrer uma distorção de percepção da realidade. Essa condição pode levar a uma incapacidade de ver o quadro completo, resultando em uma visão unilateral das questões complexas.
Para complicar, a proliferação de desinformação e notícias falsas na internet e em outras plataformas de mídia social agravam as distorções da realidade. Isso ocorre porque muitas pessoas compartilham notícias sem verificar sua autenticidade, levando a uma onda de “falsas verdades” que se espalha rapidamente. As pessoas tendem a acreditar em informações que apoiam suas crenças existentes, independentemente de serem verdadeiras ou não.
As estratégias de comunicação de massa também são usadas para manipular os sentimentos das pessoas. Podem ser usadas para criar sentimentos de medo, ansiedade, raiva, e por outro lado, falsas necessidades, admiração, convergência de ideias. Estes aspectos psicológicos da informação-desinformação vêm sendo usados com mais frequência de repetição para influenciar a opinião pública.
A publicidade é um exemplo. É projetada para ser atraente e persuasiva para atrair a atenção das pessoas e fazê-las comprar produtos ou serviços. Da mesma forma, os políticos usam estratégias de comunicação de massa para convencer as pessoas a apoiar suas políticas e propostas. A propaganda política é projetada para manipular a opinião pública atender aos interesses do político.
O excesso que confunde. Como resolver?
O excesso de informações na internet e as estratégias de comunicação de massa usadas para disseminar informações falsas e influenciar o comportamento humano são problemas sérios. Estes problemas podem levar a uma sobrecarga de informações e a uma seleção exclusiva de dados, que podem distorcer a realidade. As pessoas precisam estar cientes destes problemas, a fim de tomar decisões informadas e evitar serem manipuladas.
Existem várias maneiras pelas quais as pessoas podem lidar com o excesso de informações na internet e as estratégias de comunicação de massa que são usadas para influenciar seu comportamento. Uma das formas é se educar e se tornar mais crítico com a informação que é acessada. Isso implica em verificar as fontes de informações e confirmar a sua validade antes de compartilhá-la com outros.
Também é importante estar ciente das fontes de informações e das intenções por trás delas. Isso significa que as pessoas precisam estar cientes de que algumas informações podem ser tendenciosas ou falsas e, portanto, precisam ser tratadas com cautela.
O uso das mídias na guerra.
A mídia tem sido utilizada como uma poderosa ferramenta de guerra, tanto para apoiar as estratégias militares quanto para manipular a opinião pública. Durante as guerras mundiais, a mídia desempenhou um papel fundamental na forma como os governos comunicavam informações sobre o progresso da guerra, assim como na mobilização de recursos e apoio popular.
Na Primeira Guerra Mundial, as mídias impressa e radiofônica eram as principais fontes de informação. Os jornais e as rádios, mesmo os comerciais, eram usados pelos governos para disseminar informações sobre o conflito, reforçar o patriotismo e ganhar apoio para a guerra, inflamando o sentimento nacionalista.
Na Segunda Guerra Mundial, a mídia desempenhou um papel ainda mais importante. Os filmes de propaganda foram produzidos para influenciar a opinião pública. Documentários foram feitos para retratar os inimigos como cruéis e despertar emoções. A propaganda escrita era disseminada através de panfletos e jornais. As rádios foram usadas para transmitir ânimo aos soldados e para reforçar a aliança contra o Nazismo.
Com o surgimento da televisão, a forma como as guerras eram reportadas passou a ser mais realista. Durante a Guerra do Vietnã, por exemplo, a mídia desempenhou um papel fundamental na mudança da opinião pública em relação ao conflito. As reportagens de guerra mostravam imagens dos horrores da guerra, a violência e a morte de civis. Essas imagens causaram impacto negativo na opinião pública, levando ao aumento da oposição à guerra.
Nas últimas décadas, testemunhamos o surgimento de uma nova forma de guerra conhecida como guerra híbrida, uma mistura de guerra convencional, guerra assimétrica, guerra de informação e guerra psicológica. Nesse contexto, a mídia desempenha um papel fundamental na disseminação de desinformação, na construção de narrativas, mobilização popular e na propaganda governamental.
A mídia social, em particular, tem sido instrumental na disseminação rápida e massiva de informações falsas projetadas para parecerem reais, manipular a opinião pública e dividir a sociedade. As campanhas de desinformação são muitas vezes realizadas por atores estatais ou não estatais para minar a confiança nas instituições democráticas e influenciar a política de outros países.
A disseminação de notícias falsas foi um fator importante nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, por exemplo. As agências de inteligência dos Estados Unidos concluíram que a Rússia lançou uma campanha de desinformação nas redes sociais para influenciar a opinião pública e semear o caos durante as eleições.
Além disso, a guerra híbrida também envolve o uso de mídia para conduzir operações psicológicas com o objetivo influenciar o comportamento humano, alterar percepções e criar divisões sociais. A mídia é usada para moldar as narrativas e criar uma atmosfera favorável aos objetivos desejados.
No contexto da guerra híbrida, a velocidade e o alcance da mídia digital tornaram-se inestimáveis. Informações e desinformações podem ser disseminadas instantaneamente e alcançar um grande público em pouco tempo. Além disso, a facilidade de criar contas de mídia social falsas e fazer-se passar por fontes confiáveis torna mais fácil para os atores mal-intencionados espalharem informações falsas.
Diante desse cenário, como a mídia desempenha um papel cada vez mais importante em nossa sociedade torna-se crucial desenvolver habilidades críticas de mídia para discernir a informação da desinformação, lidar com a manipulação e analisar o contexto em que estão sendo apresentadas para obter uma imagem mais precisa dos fatos e um fluxo de informações preciso e confiável.
Sabendo que o excesso de informações confunde o indivíduo e aumenta a sua necessidade de estar constantemente atualizado, podendo gerar comportamentos compulsivos (favoráveis e contrários), os líderes globais, políticos e religiosos, militares e financeiros, ampliaram os seus exércitos com batalhões de robôs na internet, produtores de conteúdo, jornalistas, publicitários, designers gráficos e ferramentas de inteligência artificial.
A exposição contínua a notícias negativas, informações estressantes e conteúdo perturbador induz a ansiedade, estados depressivos, alterações de comportamento e danos à saúde mental. Para reequilibrar as condições de senso crítico, favorecer o raciocínio e a cognição lógica, há que se limitar o tempo de exposição dos indivíduos, especialmente das crianças e jovens.
É essencial que as pessoas reconheçam esses aspectos, sejam fontes de informações verdadeiras e verificadas, tenham assuntos propícios à convivência familiar e, sempre que possível deixem de lado telefone celular.