SOCIAL
A IMPORTÂNCIA DE INVESTIR NA NOSSA JUVENTUDE
Não é de hoje que se ouve falar da importância da nossa juventude na formação de um Brasil melhor, já que eles (jovens, estagiários, aprendizes) são o nosso futuro; entender a atual dinâmica dessa parcela de nossa sociedade é essencial para se buscar soluções e até correções de rumo que se fizerem necessárias.
Mas afinal: qual é o conceito de juventude e a partir de que idade as pessoas podem trabalhar no Brasil?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a juventude compreende o período que se estende dos 15 aos 24 anos de idade, e esse é o mesmo entendimento do Ministério da Saúde. Todavia, a legislação trabalhista brasileira permite o trabalho a partir dos 14 anos de idade, na condição de aprendiz, e estabelece as diretrizes para que as organizações possam empregar jovens. A Lei nº 10.097/2000, popularmente conhecida como Lei da Aprendizagem, é um importante instrumento de inclusão social e objetiva ampliar as oportunidades para quem está em busca do primeiro emprego, além de incentivar as qualificações teórica e prática.
Mas obstáculos existem e não são poucos. Levantamentos recentes traçam o perfil da nossa juventude, e isso nos alarma.
A inserção dos jovens no mercado de trabalho é um dos grandes desafios da política de emprego nos dias atuais. Trata-se de um público bastante vulnerável, que enfrenta dificuldades de entrada no mercado de trabalho e tende a encontrar ocupações mais precárias, situação agravada, em países como o Brasil, pela baixa escolaridade e pela falta de formação educacional de grande parte da população. Outra especificidade brasileira é a idade precoce de entrada dos jovens no mercado de trabalho, estabelecendo um perverso ciclo vicioso. Em síntese, oferecer condições para o reforço da formação e da qualificação, melhorando a qualidade da educação, dando condições e incentivos para que permaneçam na escola e oferecendo requalificação e reciclagem para aqueles que não obtiveram boa formação não é uma tarefa das mais fáceis.
Tomando como base o estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, foi traçado um perfil dos jovens que representam cerca de 24% da população brasileira. Dados apontam que 85% desse total estão nas áreas urbanas; a maioria desses jovens brasileiros com idade entre 14 e 24 anos (39%) apenas trabalham e não estudam, enquanto 15% apenas estudam e 14% estudam e trabalham. Apesar de o IBGE indicar que a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos é de 18% (mais que o dobro da média geral, de 8,1%), 27% desse grupo é considerado “sem-sem”, sem oportunidade de estudar e trabalhar. Por último, 5% dos jovens estudam e estão desempregados.
Um questionário respondido por 34 organizações da sociedade civil que trabalham, direta ou indiretamente, com a inclusão produtiva da juventude brasileira mostra que há falhas na formação desses jovens para o mundo do trabalho. Para 68% das organizações questionadas, faltam cursos de qualificação profissional e de formação técnica adequados para o acesso dos diferentes perfis de jovens que vivem no Brasil. Os cursos de formação profissional não são atualizados e sintonizados com as vagas existentes no mundo do trabalho, avaliam 59% das organizações ouvidas. Sobre os jovens que estão entrando no mundo do trabalho, 76% das organizações dizem que eles estão mal-informados sobre as carreiras do futuro e como o mundo do trabalho funciona. Assim, 82% afirmam que os empregadores não conseguem contratar jovens com as qualificações que necessitam para vagas ofertadas. O mesmo estudo concluiu que um dos caminhos para a inclusão produtiva e social com dignidade é a Educação Profissional e Tecnológica (EPT). “Essa formação para o trabalho deve estar cada vez mais conectada e alinhada com as tendências do mundo do trabalho e com as economias digital, verde, criativa, do cuidado e prateada. E cabe à sociedade se responsabilizar por essa juventude e trabalhar para o desenvolvimento de uma educação profissional de qualidade. Só assim esses jovens serão incluídos de maneira digna na cadeia produtiva”, avalia Carla Chiamareli.
Para assegurar a expansão e a democratização da EPT para a juventude, o estudo traz uma série de recomendações para diferentes atores: agentes públicos, setor privado e terceiro setor.
Iniciamos pela ampliação da oferta de vagas em cursos técnicos para além do ensino médio. Assim, jovens que já deixaram a escola terão oportunidades de entrar no mundo do trabalho de forma digna. É importante que sejam ampliadas as vagas de estágio supervisionados e de trainee para acompanhar a formação dessa juventude. É necessário, também, um olhar atento para a política de aprendizagem profissional, a fim de refletir sobre como a estratégia para a aprendizagem baseada em trabalho pode ser atualizada ou aperfeiçoada.
Além da formação técnica, o estudo apontou a necessidade de uma visão mais ampla sobre a profissionalização, que não pode se limitar a ensinar conhecimento tecnológico. A EPT deve reforçar, também, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
O levantamento recomenda ainda a criação de mecanismos de apoio às escolas e de incentivo à formação e à valorização dos professores para a EPT, com atualização e reciclagem dos docentes que já lecionam na área.
A pesquisa também apontou novas oportunidades no mercado de trabalho, como a economia verde, que combate efeitos nocivos do processo de mudanças climáticas e traz oportunidades em campos como energias limpas, turismo sustentável e agricultura; a economia criativa engloba atividades artísticas e culturais e oferece oportunidades no campo das artes, turismo e audiovisual; a economia do cuidado compreende as atividades de cuidado direto e indireto, em uma grande diversidade de serviços e profissionais como enfermeiros, cuidadores de idosos, empregados domésticos e babás; a economia prateada diz respeito aos produtos e serviços destinados a um público consumidor com 50 anos ou mais e gera oportunidades em áreas como serviços, cuidados pessoais e saúde; e a economia digital, que permeia todas as anteriores, é formada pelos profissionais de tecnologia e recursos digitais incorporados a diferentes cadeias de produção.
Muito longe de esgotar o assunto, temos a obrigação de perseguir a construção de um Brasil forte e pujante, o que certamente passa pela nossa juventude, que representou, representa e sempre representará o nosso futuro.
Nada melhor do que termos uma sociedade calcada em sólidos valores, no patriotismo e no respeito à meritocracia, baseada em princípios como o amor à Pátria, à verdade e à família, o culto à ética, à moral e à justiça, e o respeito ao próximo. A nossa coesão interna é inquestionável, além do incentivo à meritocracia como forma de estímulo à construção de uma Nação poderosa e respeitada. Sejamos um ator de relevância tanto internamente como no cenário geopolítico mundial.